Tema deste ano ecoou em todos os espaços do evento
que terminou no último domingo (25), em Feira de Santana
O final de semana foi
marcado pelo Feira Noise Festival, que aconteceu pela oitava vez na cidade de
Feira de Santana (BA), há cerca de 114 km de Salvador. Mais de 30 atrações
passaram pela Concha Acústica do Centro de Cultura Amélio Amorim, levando ao
público novidades da música brasileira contemporânea e reafirmado o evento como
um dos maiores, mais respeitados e conceituados festivais de artes integradas do
Nordeste.
O tema deste ano,
“Somos Tudo Isso Mesmo”, ecoou em todos os espaços do festival, colocando em
pauta a diversidade de cores, credos, identidades e gêneros, representados
pelos artistas que se apresentaram ao longo dos três dias de programação. Além
dos shows, o público também prestigiou intervenções artísticas, graffiti ao vivo e a Feira Camelô, que
evidenciou marcas e empreendedores locais.
Uma das prioridades da produção
este ano foi colocar mais artistas mulheres no palco. Teve representação
feminina forte no rap, no rock, no pop e no metal, com nomes como a
pernambucana Duda Beat, atração mais esperada do domingo (25). “É importante a
gente estar dentro de um festival que está lutando por uma resistência
cultural, ainda mais sendo interior da Bahia”, destacou a cantora e compositora
disputada por grandes festivais Brasil afora.
Rafael
Costa, vocalista da banda santista Zimbra, comentou sobre a sua felicidade em
poder tocar fora dos grandes eixos do Brasil. “O Brasil tem esse lance de ter
um tamanho de um continente, em um dia você está tocando em Porto Alegre e no
outro você está em Manaus. É maravilho sair de casa e ver que a galera curte o
som da banda, independentemente de onde elas estão”, disse.
Da cena regional, os juazeirenses da P1
Rappers representaram o rap baiano na programação. “Nós somos ribeirinhos.
Temos esse som que é universal, que é o rap, mas temos referências muito extensas.
No Vale do São Francisco nós que encabeçamos essa ideia de levar rap para o
interior. Como hoje o rap vem crescendo no Brasil, no Vale não foi diferente”,
contou o vocalista Euri Mania.
Natural de Alagoinhas, Hiran trouxe o
discurso de resistência do movimento LGBT em suas rimas. O também rapper que
vem ganhando o país lembrou o quanto é difícil alcançar os meios de produção
até mesmo dentro da cena do hip hop.
“A gente vê no rap uma porta pra desabafar, ele é muito direto em sua fundação,
é um protesto, mas a gente enquanto LGBT nunca conseguiu se encaixar”.
O discurso de resistência também esteve
presente no show da Dona Iracema. Na ocasião, a vocalista transexual Balaio
falou sobre a aceitação de pessoas trans
na cena do hardcore. “Há 1 ano eu
decidi que ia começar a falar sobre este assunto e criar uma rede de apoio e
aos poucos eu fui tomando coragem. Cheguei à conclusão que talvez seja hora de
ajudar outras pessoas assim como Laura Jane Grace e Mina Caputo me ajudaram e
outros cantores e cantoras trans e
LGBT em geral”, comentou.
DJ e produtor de Feira de Santana, Lerry
disse que se sentiu “lisonjeado em participar da programação do Feira Noise”
mais uma vez. “Eu já participei de outras edições com outros projetos e eu vejo
que esse festival é o que a gente tem de melhor e onde a gente tem oportunidade
de ouvir o que está sendo produzido no Brasil”, disse. “Nós feirenses ficamos às
vezes até isolados por conta da falta de apoio do poder público, quando você
tem a oportunidade de mostrar seu trabalho para artistas do Brasil todo é muito
importante. É momento de lobby, de comércio, é como se fosse uma feira de
música aqui pra gente”, concluiu.
Créditos:VAGALUME ASSESSORIA